Medo*



Não o assustava o grito absurdo
Do vento em preparo de vendavais.
Não o assustava o pio desesperado de rasgas mortalhas
Em noites escuras sem luar.
Não o assustava o silêncio vazio das catacumbas
Após o enterro derradeiro.
Não o assustava o farfalhar das folhas
Nas madrugadas frias de inverno.
Não o assustava o grito de buzinas
Estremecendo avenidas corrompidas ao meio-dia.
Só o assustava o bramido de homens
Engomados de poder.


*Publicado no Jornal O Povo em 15/10/2013 e posteriormente publicado no suplemente Maracajá O Povo em março de 201, V.2 N°2

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