Tessitura do Tempo*


Foto por: Curtis McNewton


Não há transparência andando nas esquinas
 Ruídos são silêncios das horas
Absurdos são gemidos do tempo
Muralhas mais altas que sonhos acenam
Nada é simples no complexo dos dias
Desgastes e fastios percorrem consciências
Nenhum gesto evidencia desejos
A anestesia paralisa a marcha dos transeuntes
Toda a cidade dorme para além do meio-dia
As perguntas envelheceram sem respostas
Nenhum argumento ousa invadir o tempo
Sobre varais roupas adormecem
 Na plateia a voz não se levanta
Falácias em voo oblíquo criam miragens
Há noturnos em todos os olhares.


*Recebeu destaque no XX Prêmio Ideal Clube - 2018

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